5 anos de Pix: avanço das fraudes, novas regulações do Banco Central e os aprendizados de cibersegurança para o setor financeiro

Marco regulatório reforça que a maturidade em cibersegurança é agora um imperativo estratégico para todo o ecossistema financeiro.

O Pix completa cinco anos em novembro e se consolida como uma das maiores inovações financeiras do mundo. Criado pelo Banco Central do Brasil, o sistema de pagamentos instantâneos transformou o comportamento de consumo e o ecossistema bancário nacional, alcançando mais de 150 milhões de contas e movimentando trilhões de reais desde o lançamento. Mas, junto com a velocidade da adoção, vieram também novas e sofisticadas ameaças digitais.

Somente em 2025, ataques que exploraram falhas em fornecedores e integrações do sistema causaram mais de R$ 541 milhões em perdas financeiras, segundo dados de mercado. O cenário marca uma virada no perfil das ameaças: os criminosos deixaram de mirar apenas o usuário final e passaram a atacar a infraestrutura que sustenta as operações financeiras, explorando vulnerabilidades em APIs, credenciais corporativas e pontos de integração entre instituições e provedores.

Diante dessa escalada, o Banco Central endureceu as exigências regulatórias, reforçando que segurança e governança digital são pilares inseparáveis do sistema financeiro.

Entre as medidas mais recentes, a Resolução BCB nº 493/2025 aprimora os mecanismos de governança e segurança do arranjo Pix, exigindo práticas mais rigorosas de monitoramento, resposta a incidentes e controle de fraudes. Já a Resolução BCB nº 496/2025 impõe limite máximo de R$ 15 mil por transação via Pix ou TED para instituições não autorizadas que atuam por meio de Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTIs), reduzindo o risco de abuso por agentes mal-intencionados.

Outra norma, a Resolução BCB nº 457/2025, que entra em vigor em março de 2026, determina a exclusão automática de chaves Pix associadas a CPFs e CNPJs irregulares junto à Receita Federal — uma medida que busca coibir fraudes estruturadas e o uso de identidades falsas. Além disso, o Banco Central antecipou para maio de 2026 o prazo para que instituições conectadas via PSTI solicitem autorização formal de funcionamento, reforçando o controle sobre intermediários e a integridade das operações.

Nos primeiros anos do Pix, as fraudes eram majoritariamente baseadas em engenharia social. Ou seja, golpes de urgência, QR Codes falsos e transferências simuladas. Hoje, os ataques se sofisticaram: malwares bancários, roubo de credenciais e exploração de falhas em integrações fazem parte do arsenal dos cibercriminosos. O alvo deixou de ser apenas o usuário e passou a incluir a própria arquitetura de segurança das instituições financeiras e seus parceiros tecnológicos.

Sendo assim, o principal aprendizado desses cinco anos é a importância da maturidade cibernética e do monitoramento contínuo. As boas práticas incluem revisar fornecedores, implementar autenticação multifator, adotar sistemas de detecção de anomalias e manter planos estruturados de resposta a incidentes.

A nova fase regulatória reforça a necessidade de governança cibernética integrada, alinhada a frameworks internacionais como o NIST e a ISO 27001, e da incorporação da gestão de risco digital nas decisões estratégicas das organizações.