Apenas alguns meses atrás, as crianças iam para a escola, os pais se preocupavam em dar limites no tempo no computador e no celular em casa aos filhos, e o futuro digital era coisa de ficção científica. Com a COVID-19, a escola veio para a internet, as preocupações em passar menos tempo em frente à tela ficaram de lado e, agora, o padrão da vida das pessoas está se tornando o digital. Agora, a tecnologia virou o meio de brincar, de ver a família, de fazer trabalho escolar, de sair com amigos.
Professores, aulas de inglês, terapeutas educacionais, toda a infraestrutura a que pais sempre recorreram para apoiar os filhos, se mudou para o online. Da mesma forma, as ameaças à infância, como valentões, golpistas, fabricantes de notícias falsas e manipuladores de todos os tipos.
Por isso, alguns cuidados são importantes.
Aplicativos de monitoramento
Existem aplicativos para monitorar o que crianças e adolescentes fazem no celular. Eles limitam o tempo de uso e monitoram as ações dos filhos, bloqueando recursos e gerando relatórios que informam as ações realizadas nos celulares.
Há muitos pagos e alguns gratuitos, como o Google Family Link. Ele oculta apps, bloqueia o dispositivo e limita o tempo de uso. Os relatórios sobre as ações do filho no celular podem ser gerados mensalmente ou semanalmente. Para cada criança, até cinco monitores podem ser adicionados.
Reduza a exposição
Na era das mídias sociais, postar ou compartilhar algo online pode parecer inofensivo para os mais jovens, que já nasceram digitais. No entanto, você pode explicar aos menores como o mundo virtual funciona: uma vez que uma imagem está online, ela permanece online para sempre.
Aconselhe crianças e adolescentes a serem cautelosos sobre o compartilhamento nas mídias sociais. E converse sobre ajustar as configurações de perfil para que apenas amigos possam visualizar postagens.
Além disso, cuide com webcams abertas durante videoconferências. Certifique-se de que nenhuma informação identificadora seja mostrada em uma chamada por vídeo. E monitore os jovens para ter certeza de que eles estão conversando em aplicativos seguros, com pessoas de confiança.
Proteja a rede sem fio (Wi-Fi)
A conexão da sua casa aparece a todos que estão dentro do raio de ação do roteador. Oculte-a. Assim, só pode acessá-la quem sabe o nome correto da conexão. Para isso, acesse a interface do roteador. Na parte de segurança wireless, selecione a opção que não mostre o SSID (“Service Set Identifier”. Significa o nome da conexão). Também é importante ativar o firewall do roteador, caso ele possua. Muitas vezes o aparelho vem com firewall desativado.
Estranhos que parecem confiáveis
O anonimato que o mundo digital pode oferecer, muitas vezes é abusado por criminosos cibernéticos. Eles se passam por um amigo confiável ou por um jovem da mesma idade, para começar conversas aparentemente inofensivas. Um estudo do Centro de Segurança Cibernética e Educação dos Estados Unidos revelou que 40% das crianças americanas já tinham conversado com um estranho online. O mais preocupante é que 53% forneceram número de telefone, 30% enviaram mensagens de texto e 15% tentaram se encontrar com o desconhecido.
É essencial que você ensine seu filho a detectar bandeiras vermelhas em qualquer comunicação online com estranhos. O conselho é para que fiquem atentos às pessoas com quem se conectam, sempre explicando alguns dos riscos a que se expõem caso não tenham cuidado.
Cyberbullying
As crianças podem ser ridicularizadas em posts de redes sociais, em comentários maldosos, podem ser vítimas de rumores e até de ameaças. Em jogos online, personagens de jogadores de adolescentes podem ser submetidos a ataques incessantes, transformando a partida em uma humilhação aberta.
O cyberbullying tem sérios efeitos psicológicos em uma criança. E, na maioria das vezes, por vergonha, os jovens não conversam sobre isso com os pais. Mantenha diálogo constante a respeito da vida online dos seus filhos e crie um ambiente para que eles exponham possíveis assédios. E se houver casos, denuncie imediatamente em plataformas online ou para autoridades locais.
Roubo cibernético
Hoje, crianças e adolescentes têm acesso a cartão de crédito. Garantir que eles comprem de forma responsável, apenas em sites confiáveis, pode salvá-los de se tornarem vítimas de roubo de identidade ou fraude.
Aconselhe os adolescentes a não armazenar informações de cartão de crédito ao fazer compras online ou para qualquer compra dentro do jogo. E incentive-os a jamais fornecer essas informações pessoais identificáveis online.
Segurança de contas online
A maioria dos adolescentes já tem uma conta de e-mail e de whatsapp. Por isso, é importante que eles saibam a respeito dos perigos dos e-mails de phishing e das mensagens fraudulentas, e de como proteger informações pessoais. Incentive seu filho a não clicar em links suspeitos ou abrir anexos de remetentes desconhecidos.
Senhas seguras também são cruciais. Já fizemos um vídeo sobre isso. A maioria das crianças joga online e configura as contas para que liberar interações com outros jogadores. Qualquer banco de dados de usuários é útil para ladrões cibernéticos.
Instrua os jovens a não reciclar senhas e a habilitarem um método de autenticação de dois fatores sempre que possível.
Faça uma pausa
É fácil se sentir sobrecarregado com informações nesse momento. Notícias, jogos e atualizações constantes nas redes sociais causam fatiga. Converse com os filhos a respeito de como isso está afetando a família. E pense em alguma atividade para que eles deixem a tela por um período.
Softwares de segurança cibernética e aplicativos especializados para monitorar a atividade on-line e móvel do seu filho podem ajudar, mas nada substituirá um diálogo aberto. Converse sobre o que está acontecendo nas vidas online e real dos seus filhos. E crie um ambiente para que eles se sintam à vontade de falar sobre o que vivenciam.
Por: Bruna Martins